No exato momento em que Severino pensa em suicidar-se, uma pobre mulher acorre e anuncia o nascimento do filho. Veio ao mundo mais um Severino. Nasceu um novo Severino.
E Severino destroçado renasce naquela criança que a mãe passa entre os casebres do mangue, mostrando-a aos vizinhos. E todos cantam a beleza da vida, na transfiguração da tragédia, da pobreza sorridente.
Frutas e passarinhos são as oferendas da comunidade à criança nascida, dando-se as mãos na solidariedade do sofrimento e da miséria.
Um grupo humano sofrido e maltratado.
Grande, porém, na sua fé. Tão soberbo e imenso na sua esperança.
Quando estávamos drogados, só tínhamos visões e experiências artificiais. Não nos importava como a vida em torno de nós podia ser bela; só queríamos saber de nos drogar e estar ligados. À medida que crescemos em percepção, somos como criancinhas, descobrindo o mundo de novo.
Há mais estímulos em torno de cada descoberta que fazemos do que jamais houve em qualquer ocasião em que nos drogamos. A descoberta é real e ninguém pode tirá-la de nós.
Estou redescobrindo o mundo à minha volta?
“Senhor, permite que eu continue a descobrir tudo que aqui puseste para mim.”
Padre Haroldo.