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Post: Quatro em cada cinco em SP defendem internação à força de usuários de crack

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A maioria dos moradores de São Paulo defende a internação à força para tratamento de usuários de crack, enquanto metade deles aprova o desempenho do prefeito João Doria (PSDB) nas recentes ações na cracolândia e acredita que não é possível solucionar esse problema na capital paulista.

O cenário acima aparece em pesquisa Datafolha realizada nesta quinta (1º). Foram ouvidas 1.125 pessoas na cidade, e a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

O levantamento ocorre 11 dias após ação policial, sob o comando do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que prendeu traficantes e desobstruiu vias onde havia uma feira de drogas a céu aberto.

O “fluxo” de viciados que vivia ali se mudou nos dias seguintes para a praça Princesa Isabel, a cerca de 400 metros do antigo ponto, e criou a nova cracolândia da região central, com quase mil pessoas.

A ação policial é aprovada por 59% dos entrevistados, mas 53% viram uso de violência contra os usuários.

A operação ocorreu por iniciativa do Estado e pegou a prefeitura desprevenida. Naquele dia, o programa anticrack de Doria não estava pronto, mais isso não impediu que o prefeito comemorasse o sucesso da “parceria” com o governo estadual e decretasse o fim da cracolândia.

Naquele dia, o prefeito visitou o local da ação com sua equipe –o que colou para os moradores da cidade.

Segundo o Datafolha, 60% apontam Doria como o principal responsável por aquela ação no centro de SP. Apenas 9% citam Alckmin, ante 18% que apontam os dois tucanos.

PRESSA E POLÊMICA

Nos dias seguintes à operação, o que se viu foram discursos dissonantes entre integrantes do Estado e do município e a pressa da gestão Doria em adotar medidas para conter a movimentação de usuários –em determinado momento da semana passada, havia ao menos 23 pontos com dependentes químicos apenas na região central.

Uma dessas medidas foi o início da demolição de imóveis que eram utilizados pelo tráfico, como pensões e hotéis, na região da cracolândia. A primeira demolição, no entanto, deixou três pessoas feridas, e a prática acabou vetada pela Justiça –de forma geral, a iniciativa é aprovada por 55% e rejeitada por 41%.

Apesar desses entraves, para 48% o desempenho de Doria tem sido ótimo ou bom nesse tema. Outros 25% acham regular e 23%, ruim ou péssimo. No caso de Alckmin, a aprovação é de 29%.

A decisão mais controversa de Doria foi procurar a Justiça para obter uma espécie de carta branca para recolher usuários à força das ruas e levá-los a atendimento médico.

A medida encontrou resistência na Promotoria e na Defensoria Pública e foi derrubada pelo Tribunal de Justiça de SP. Ainda cabe recurso.

Segundo o Datafolha, 80% defendem a internação de usuários de crack mesmo contra a vontade deles –pode ser tanto a involuntária (com aval médico) e a compulsória (após decisão também de um juiz).

O instituto também perguntou aos moradores: se um dependente não demonstra capacidade para tomar decisões por conta própria e a família se mostrar a favor de sua internação para o tratar o vício, ele deveria ou não ser internado mesmo assim? 95% responderam sim, e 5%, não.

Diante de situação em que a família do usuário não é localizada, a resposta foi parecida –88% sim, 11% não, e 1% não soube responder.

Derrotada na Justiça, a gestão Doria aposta suas fichas em um trabalho em parceria com o Estado para que agentes de saúde e assistentes sociais convençam os dependentes a passar por avaliação médica. A eventual internação involuntária ou compulsória viria depois desse passo.

CONSUMO

A maioria (71%) concorda que a recente operação provocará uma temporária redução do consumo, mas não necessariamente uma busca pelo abandono do vício, enquanto 74% acreditam que os usuários precisam de mais força de vontade do que de tratamento médico para abandonar o vício.

Segundo os entrevistados, o problema do crack na cidade é de responsabilidade de traficantes (29%) e dos próprios usuários (22%). Metade acredita ser possível acabar com o tráfico e o uso de crack em SP, e a outra metade não.

Veja a matéria completa no site da Folha

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