Novo relatório chega a afirmar que não há nível seguro para o consumo de álcool. Entenda.
O mais recente relatório publicado no periódico médico The Lancet estima que, todos os anos, 2,8 milhões de pessoas morrem no mundo por causas diretas ligadas ao álcool. O estudo avaliou os níveis de consumo e os efeitos da droga na saúde. Os resultados mostraram que o uso do álcool foi classificado como uma das principais causas de morte prematura e incapacidade em todo o mundo. Uma em cada dez mortes de pessoas entre 15 e 49 anos está ligada à bebida. No Brasil, segundo a pesquisa, 100 mil pessoas são vítimas por ano.
Os autores concluíram que não há nível seguro de consumo do álcool. Segundo eles, um possível benefício que o consumo moderado de álcool pudesse causar (para o sistema cardiovascular, por exemplo) não valeria a pena, já que as consequências negativas em outros aspectos da saúde seriam bem mais significativas – como o desenvolvimento de cânceres.
“Há uma forte associação entre o consumo de álcool e os riscos de câncer, ferimentos e doenças infecciosas que compensa os efeitos protetores contra doenças do coração nas mulheres. E embora os riscos à saúde do álcool comecem pequenos com uma dose por dia, eles crescem rapidamente à medida que as pessoas bebem mais”, diz Max Griswold, líder do relatório.
Segundo os cientistas, um ano de consumo diário de apenas uma dose de álcool (o equivalente a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de destilado) já aumenta o risco de desenvolvimento de um dos 23 problemas relacionados ao seu consumo em 0,5%. Se o consumo chegar a duas doses por dia, o risco sobe 7%. Cinco doses diárias? Mais 37% na conta. Essas estimativas levam em conta pessoas de 15 a 95 anos, e os problemas citados vão desde de câncer a infecções respiratórias, diabetes e cirrose.
Falando em cirrose, ela tem crescido exponencialmente. Só nos EUA, cientista da Universidade de Michigan atestaram um aumento de 10,5% das mortes em jovens adultos relacionadas à doença. E esse padrão se espalha pelo mundo.
Apesar disso tudo, é sempre bom lembrar que o álcool tem uma associação complexa com a saúde, afetando-o de várias maneiras. Assim como você tem aquele tio que toma uma caixa inteira de cerveja e está de boa, você tem aquele amigo que não aguenta um litrão. Cada organismo reage e suporta os efeitos do álcool de forma única, mas a pesquisa é essencial para fornecer informações sobre o nível padrão mundial desses efeitos.
Via de regra, o consumo regular de bebidas alcoólicas tem consequências ruins nos órgãos e tecidos, e uma intoxicação aguda pode levar a lesões permanentes. A dependência do álcool já é um problema de saúde pública em muitos países. Além disso, alguns estudos anteriores chegaram a sugerir que os baixos níveis de consumo de álcool podem até ter um efeito protetor contra doenças cardíacas e diabetes.
Outros dados relevantes
- Das 2,4 bilhões de pessoas que consomem álcool no mundo, 1,5 bilhão são homens e 900 milhões são mulheres
- Em média, elas tomavam 0,73 dose por dia, e eles consumiam 1,7 dose
- No Brasil, 42% das mulheres bebem, contra 71% dos homens
- Dinamarca é o país com mais pessoas que bebem no mundo (95,3% das mulheres e 97,1% dos homens)
- Paquistão é o país com o menor número de homens que bebem (0,8%)
- Bangladesh é o país com menor número de mulheres consumindo (0,3%)
O estudo levou em conta informações de 195 países da série Fardo Global das Doenças, do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME, na sigla em inglês) da Universidade de Washington, EUA. No total, foram 694 papers usados para estimar o consumo de álcool comum em todo o mundo e 592 para estudar os riscos para a saúde associados à bebida, entre 1990 e 2016. No fim, a pesquisa usou informações de mais de 28 milhões de pessoas de todo o mundo.
Fonte: Super Interessante