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Post: Jovens britânicos estão menos propensos ao consumo de álcool

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LONDRES – Quando Xenia Clegg Littler e seus amigos eram menores de idade, sua ideia de divertimento  era fazer compras, passear em parques e tomar sorvete, nada a ver com tiros ou latas de cerveja. Ela nunca tomou uma bebida alcoólica até os 18 anos, a idade legal na Grã-Bretanha, e agora, aos 19, não está muito interessada em álcool.

“Prefiro acordar pela manhã e começar o meu dia fazendo o que tenho de fazer a acordar com uma enorme ressaca”, disse Xenia, que é atriz e mora em West London. “Eu preciso ter o controle do lugar em que estou e do que estou fazendo”.

O consumo de álcool entre adolescentes e jovens adultos caiu drasticamente nos últimos anos em toda a Europa e, principalmente, na Grã-Bretanha. Os adolescentes britânicos, alguns dos maiores bebedores da Europa, agora consomem como a média.

Em 2002, segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde divulgado no fim de setembro, cerca de 26% dos europeus de 15 anos tomavam álcool pelo menos uma vez por semana, mas, em 2014, esta porcentagem havia caído para 13%. A parcela dos jovens de 15 anos que bebiam regularmente caiu de cerca de 46% para aproximadamente 10%.

Um relatório da Universidade de Sheffield mostrou resultados semelhantes entre os menores de idade e os jovens adultos na Inglaterra. Em 2002, 25% das crianças dos 8 aos 12 anos afirmaram que haviam experimentado bebidas alcoólicas, mas em 2016, apenas 4% haviam feito isto. Em 2001, apenas 12% dos jovens ingleses de 16 e 17 anos se consideravam não bebedores; em 2016, esta porcentagem subiu para 35%.

“A escala da mudança é tamanha que algumas novas publicações rotularam os jovens de hoje como ‘os novos puritanos’ e ‘a geração sensata’”, disse o relatório. Consumo abundante de bebidas e embriaguez  entre os jovens também declinaram na Grã-Bretanha, e em toda a Europa.

As teorias a respeito dos motivos pelos quais os jovens britânicos bebem menos são intrigantes, mas não foram comprovadas, afirmou James Nicholls, diretor de pesquisa e desenvolvimento de políticas do Alcohol Research UK, uma ONG. Mas ele sugeriu que a difusão da mídia social é um dos fatores.

“O álcool não influi de maneira significativa na socialização como acontecia no passado”, afirmou Nicholls. “Os jovens agora podem ter uma vida social ativa sem sair de casa”.

A mídia social tornou os usuários mais conscientes da própria imagem, observou, enquanto ao mesmo tempo fornece uma documentação permanente em textos e imagens de comportamentos que as pessoas preferem esquecer.

“Existe uma tendência a uma maior preocupação com a saúde entre os jovens”, acrescentou Nicholls. “Eles estão se afastando do álcool e das drogas, a cultura da intoxicação não está mais tão arraigada”.

Alex Boote, 19, estudante da University College de Londres, disse que, antes dos 18 anos, costumava beber em festas, mas mesmo então era uma coisa meramente ocasional.

“Acho que nessa idade a ideia é beber para embebedar-se”, afirmou. “E acredito que seja ainda considerada uma coisa legal quando se é jovem – fumar tornou-se muito menos legal do que antes”.

Mas ele apoia a teoria de que a mídia social contribuiu para reduzir o consumo do álcool entre os adolescentes, “porque proporciona às pessoas outras maneiras de impressionar os outros que não embriagando-se nas festas”.

Alguns jovens acharam que uma razão para o declínio do consumo é que as pessoas de sua idade recorrem mais provavelmente a drogas como maconha e ecstasy, frequentemente mais acessíveis. Mas, na realidade, as pesquisas mostram que o uso da droga, embora ainda comum, também se tornou menos predominante entre os jovens.

Nicholls mencionou outra explicação possível: os pais de alguns jovens cresceram em uma época em que beber, entre os jovens, era mais comum, e talvez continuem bebendo. “Se é o que os seus pais fazem, não é legal”, observou.

Fonte: Estadão

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