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Post: Onde estão os meus pais?

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Nos últimos anos a tecnologia tem nos presenteado com inúmeras facilidades, desde aparelhos eletrodomésticos até celulares multifuncionais. Olhando para trás percebemos o quanto a nossa vida mudou em tão pouco tempo, é inacreditável imaginar que um dia existiria um aparelho em que falaríamos remotamente e até faríamos transações bancárias.

São muitos os aspectos positivos, mas toda essa modernidade também vem impactando de forma negativa nas relações pais e filhos, pois os aparelhos celulares e iPads se tornaram as novas babás, uma forma efetiva de distrair os pequenos. A grande questão é que normalmente temos uma rotina estafante, entendo que em alguns momentos recorrer a esse método pode ser de grande ajuda, mas qual será o impacto desse recurso a longo prazo?

Atualmente praticamente todos os pais que me procuram no consultório traz a queixa de que seus filhos estão viciados em jogos e mídias sociais, independente da idade este é um fato real. Como a escola pode prender a atenção de um aluno que está totalmente ligado ao seu celular? Vamos compreender melhor os efeitos negativos causado em nossas crianças e adolescentes daqui a alguns anos quando poderemos perceber esses efeitos no futuro dos mesmos de forma mais clara.

Mas o que mais me assusta é perceber o quanto os pais também se desconectam de seus filhos voltando a atenção às mídias sociais. Um exemplo do que estou tentando transmitir neste texto é quando vejo um pai ou uma mãe atravessando a rua olhando no celular e o filho seguindo atrás sem monitoramento. Tenho certeza de que muitos de vocês já presenciaram essa cena alguma vez nos últimos tempos, ou em outros lugares como em um restaurante, no saguão do aeroporto ou no parque.

Nos próximos anos iremos nos deparar com uma série de adultos que não receberam atenção, que carregarão a ideia de que não são amados ou mesmo importantes na vida de seus pais. Adultos carentes de afeto, com baixa autoestima, que desenvolverão muitos comportamentos inadequados na tentativa de chamarem a atenção não somente de seus pais, como de seus companheiros.

Serão vítimas de outras vítimas do sistema, um círculo vicioso que envolve a grande maioria da população, pois são poucos os pais que conseguirão se manter presentes e atentos à vida de seus filhos. É claro que isso sempre existiu, pois muitos precisam trabalhar para dar sustento para a família e chegam cansados em casa, exaustos emocionalmente, e outros passarão pelas mesmas dificuldades porque seus pais não tinham disponibilidade afetiva, não tinham informação sobre a importância de ter um tempo de qualidade com seus filhos.

Mas atualmente com tantas informações disponíveis sabemos a importância de parar para ouvir a demanda dos nossos pequenos, de ouvir o que os mesmos têm a nos dizer, de elogiar um desenho, ou de sentar para brincar juntos. Lembrando que não adianta sentar para brincar olhando e respondendo mensagens no celular, os filhos estão atentos e percebem os pais desinteressados. É preciso mais uma vez se lembrar da autorresponsabilidade, ser pai e mãe não é uma missão fácil, mas pode ser extremamente prazerosa para ambos quando nos colocamos abertos para viver essa experiência.

Veja três dicas importantes para fortalecer o vínculo com os filhos:

  • Desligue o celular e se dedique pelo menos trinta minutos do dia ao seu filho, a qualidade da relação é mais importante que o tempo;
  • Busque atividades que possam ser interessantes para os dois na medida do possível, assim fica mais gostoso passar um tempo juntos;
  • Olhe nos olhos ao interagir com os pequenos e com os adolescentes, mantenha a atenção ao momento que estão juntos sem distração, pergunte, converse, abrace, diga o que sente e beije seu filho.

Pequenas mudanças de comportamento e na rotina podem impactar de forma maravilhosa a vida de seus filhos, então não se esqueça de se desconectar da vida virtual e se dedicar cada vez mais à vida real, no aqui e agora.


Fonte: Estadão

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