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Post: Grupos de apoio oferecem amparo e conforto

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A mudança do semblante é nítida: no início da reunião, o recém-chegado se mostra angustiado, com olhar caído e testa franzida. Depois de desabafar com desconhecidos que passam pelo mesmo problema e tirar dúvidas, o alívio fica estampado no rosto. A cena representa o poder dos grupos de apoio, que reúnem pessoas que enfrentam o mesmo problema ou condição de saúde física ou mental e buscam ajuda para o desafio de cuidar de si ou de um familiar.

“Participar desses grupos faz diferença, sim, pois a tendência de quem passa por uma dificuldade é achar que isso só acontece com ela. Quando percebe que não está sozinha, seu nível de angústia baixa e ela fica mais confortável, além de perceber que pode esclarecer as suas dúvidas e buscar soluções práticas”, diz a especialista em psicologia da saúde Renata Gorayeb.

A dinâmica dos grupos de apoio varia, mas eles têm em comum o respeito ao sigilo do que foi compartilhado e o tempo garantido de fala individual, sem interrupções e julgamentos. Renata Gorayeb explica que os grupos que não têm um profissional de saúde que conduza o encontro promovem somente a troca de experiências, enquanto há aqueles que têm profissionais especializados em psicoeducação, capazes de promover encontros terapêuticos, com estratégias e técnicas específicas para lidar com determinada patologia ou condição de saúde.

“O profissional que coordena um grupo de apoio, muitas vezes em grandes hospitais, reforça o trabalho do médico, trabalhando no paciente a aceitação para fazer o tratamento, entendendo como o paciente está enfrentando o processo, observando o que favorece ou dificulta o tratamento”, diz ela.

Quando procurou a organização não governamental Amor-Exigente, há 20 anos, Luiz Fernando Cauduro estava desesperado. Três dos seus quatro filhos estavam consumindo drogas – e nenhuma das estratégias para solucionar o problema estavam funcionando. “Já havíamos nos consultado com psiquiatras e conversado com várias pessoas, mas nada dava certo”, declara. Ele e sua mulher Cleide passaram a frequentar o grupo de apoio da ONG e, um ano depois, seus filhos estavam recuperados. “Vivenciando esse programa, fizemos mudanças no nosso comportamento para que eles mudassem o comportamento deles”, destaca. Por gratidão, Fernando permaneceu na ONG como voluntário e atualmente é o presidente.

Criado por um jesuíta norte-americano em 1962, o programa Amor-Exigente chegou ao Brasil em 1984. Nos grupos de apoio, que aceitam a participação de dependentes químicos e seus familiares, a sessão se inicia com um momento de “espiritualidade pluralista” e com o estudo de um dos 12 princípios básicos do programa, que dura 15 minutos – entre as diversas regras do grupo, uma delas é manter o caráter leigo e voluntário. Na segunda parte do encontro, os participantes falam por até 5 minutos sobre a sua semana. “Depois, o participante escolhe uma meta para a semana. Isso é importante para que ela deixe de apenas reclamar e comece a fazer uma ação prática.”


Leia na íntegra a matéria do jornal O Estado de S. Paulo.

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